1 Coríntios 5:12-13 traz um ensinamento crucial sobre a responsabilidade da igreja em relação ao pecado dentro da comunidade cristã, bem como a distinção entre o julgamento que a igreja faz em relação aos membros da comunidade e o julgamento que cabe a Deus para os de fora da igreja. Vamos analisar cada versículo com mais detalhes:
1 Coríntios 5:12
"Pois, que me importa julgar os que estão de fora? Não julgais vós os que estão de dentro?"
Neste versículo, o apóstolo Paulo está questionando a igreja de Corinto sobre o papel dela em julgar os membros da comunidade cristã. Ele deixa claro que a igreja tem a responsabilidade de discernir o comportamento dos seus próprios membros, especialmente quando esses comportamentos são imorais ou contrários aos princípios de Deus.
- "Julgais vós os que estão de dentro?": Paulo está dizendo que a igreja deve se preocupar em manter a pureza dentro de sua própria comunidade, julgando os membros que estão agindo de forma errada. Isso não significa um julgamento punitivo ou condenatório, mas uma avaliação espiritual para corrigir, restaurar e proteger a santidade do corpo de Cristo.
- A igreja não pode ser indiferente a pecados graves dentro da sua comunidade, como a imoralidade mencionada anteriormente no capítulo (o caso do homem que estava com a esposa de seu pai). A igreja tem a responsabilidade de corrigir tais comportamentos, não para condenar, mas para restaurar.
1 Coríntios 5:13
"Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai esse iníquo do meio de vós."
Este versículo esclarece a distinção entre o julgamento que cabe à igreja e o julgamento que pertence a Deus.
- "Deus julga os que estão de fora": Paulo destaca que o julgamento das pessoas que estão fora da igreja (não crentes) pertence a Deus. Não cabe à igreja julgar os incrédulos, mas sim pregar o evangelho para que eles possam vir à salvação. O julgamento final de todos, incluindo os que estão fora da igreja, pertence a Deus, que é o juiz justo.
- "Tirai esse iníquo do meio de vós": A instrução de Paulo para a igreja é que ela deve remover ou excomungar o pecador impenitente de dentro da comunidade. O termo "iníquo" refere-se àquele que está vivendo em pecado grave sem arrependimento. Paulo orienta que a igreja tome medidas disciplinares sérias, como o afastamento desse membro, a fim de preservar a pureza da comunidade e, ao mesmo tempo, dar à pessoa a chance de refletir sobre suas ações e se arrepender.
Ensinos principais deste trecho:
1. Responsabilidade da igreja na correção e disciplina: A igreja tem o dever de julgar os membros que estão vivendo em pecado, especialmente quando esse pecado é notório e grave. Isso não significa um julgamento condenatório, mas sim uma avaliação que visa restaurar e proteger o corpo de Cristo.
2. Não cabe à igreja julgar os de fora: Paulo faz uma distinção clara entre os membros da igreja e os de fora. O julgamento da igreja deve ser direcionado àqueles que professam a fé em Cristo, enquanto o julgamento dos incrédulos pertence a Deus. A missão da igreja é pregar o evangelho, e não condenar os que não são crentes.
3. Disciplina e excomunhão: Em casos de pecado impenitente, a igreja deve tomar medidas disciplinares, como a excomunhão, a fim de preservar a santidade e a pureza da comunidade. A excomunhão tem como objetivo restaurar a pessoa, não apenas puni-la, e dar-lhe a oportunidade de se arrepender e voltar à comunhão.
4. A santidade da igreja: A santidade da igreja é essencial para o testemunho de Cristo no mundo. A tolerância ao pecado dentro da comunidade pode corromper a igreja e prejudicar a sua missão. Portanto, a igreja deve agir para corrigir e restaurar aqueles que estão vivendo em pecado.
5. A disciplina visa a restauração: O objetivo final de qualquer ação disciplinar na igreja é a restauração do indivíduo. A excomunhão ou afastamento não é uma punição definitiva, mas uma maneira de levar a pessoa ao arrependimento para que ela seja restaurada e salva.
Aplicações práticas:
- Responsabilidade na correção: A igreja tem a responsabilidade de aplicar a disciplina de maneira amorosa e firme, visando sempre a restauração da pessoa. Quando um membro está vivendo em pecado grave, a igreja deve agir com sabedoria para corrigir a situação.
- Separação entre o julgamento de crentes e não crentes: Devemos lembrar que a igreja não deve se preocupar em julgar os não crentes, mas sim pregar o evangelho e orar por sua salvação. O julgamento final de todos pertence a Deus.
- Manutenção da santidade da igreja: Como comunidade de crentes, devemos trabalhar para manter a pureza e a santidade dentro da igreja. Devemos estar atentos aos comportamentos que podem comprometer essa santidade e agir rapidamente para corrigir e restaurar.
- Restauração é o objetivo da disciplina: Quando a disciplina é aplicada, seu objetivo não é punir, mas restaurar a pessoa para que ela possa voltar à comunhão com Deus e com a igreja.
Conclusão:
1 Coríntios 5:12-13 nos ensina sobre a responsabilidade da igreja de julgar e corrigir os membros que vivem em pecado impenitente, com o objetivo de preservar a santidade do corpo de Cristo.
A igreja deve tomar ações disciplinares para afastar os pecadores não arrependidos, mas sempre com a intenção de restaurá-los.
Ao mesmo tempo, a igreja não tem o papel de julgar os de fora, pois isso cabe a Deus. O julgamento e a disciplina dentro da igreja visam a restauração e a salvação do indivíduo, e a santidade da comunidade cristã deve ser uma prioridade.